Problemas da atuação da PM no Brasil

Post sobre Questões sociais criado em 30/06/2025

A atuação da Polícia Militar (PM) no Brasil é marcada por diversas contradições estruturais, históricas e funcionais. Essas contradições têm sido objeto de debate constante na sociedade civil, em instituições públicas e no meio acadêmico. Abaixo, destaco algumas das principais:

1. Função de guerra versus função de cidadania

A PM brasileira é organizada sob um modelo militarizado, o que implica hierarquia rígida, treinamento voltado para o confronto e uma visão de inimigo. No entanto, sua função principal, na prática, deveria ser a manutenção da ordem pública e proteção dos cidadãos, o que exige proximidade com a população, escuta ativa e atuação preventiva. Esse duplo papel (guerreiro e protetor) é contraditório e produz distorções no cotidiano policial.

2. Violência institucional versus segurança pública

A PM é frequentemente envolvida em casos de abuso de autoridade, execuções extrajudiciais e violência desproporcional, especialmente nas periferias e contra populações negras e pobres. Paradoxalmente, é justamente nesses territórios que a população mais demanda segurança. Ou seja, a mesma instituição que deveria proteger acaba sendo percebida como ameaça, gerando desconfiança e medo em parte da sociedade.

3. Autonomia na prática versus subordinação formal

Constitucionalmente, a PM é subordinada aos governadores estaduais e atua sob a fiscalização do Ministério Público. Na prática, porém, há resistência interna à supervisão externa, e muitas vezes policiais atuam com forte espírito corporativista, dificultando o controle disciplinar e a responsabilização por condutas ilegais.

4. Treinamento militar versus realidade civil

O treinamento da PM ainda é majoritariamente militarizado, voltado para a disciplina e o confronto, e pouco adaptado à complexidade de situações civis cotidianas, como abordagens a cidadãos, conflitos domésticos, distúrbios urbanos ou manifestações. Isso gera uma preparação inadequada para o que de fato se exige da corporação no dia a dia.

5. Baixos salários, más condições e pressão institucional

Embora exerçam uma função de altíssimo risco, muitos policiais militares trabalham sob condições difíceis: salários baixos, longas jornadas e estresse constante. Isso contribui para uma cultura de endurecimento e pode levar a comportamentos defensivos ou agressivos por parte dos agentes. Além disso, há poucos mecanismos de apoio psicológico e valorização profissional.

6. Demanda por reforma versus resistência institucional

Há consenso em muitos setores sobre a necessidade de reformar ou desmilitarizar a polícia, criando uma força mais cidadã e profissional. Porém, essas propostas enfrentam resistência interna da corporação e falta de vontade política por parte dos governos, especialmente em contextos onde a retórica de “tolerância zero” rende capital eleitoral.

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Você confia na Polícia Militar brasileira?
Nem um pouco.
Um pouco.
Mais ou menos.
Muito.
Totalmente.
Qual você acha ser o grande problema relacionado à ação da PM contra o crime?
As leis são muito favoráveis ao bandido, e, por isso, a PM fica sem poder de ação.
As leis são muito brandas, mas só os ricos gozam dessa brandura, enquanto os pobres sofrem abusos da PM sem sofrer punições significativas.
A PM é um órgão de repressão que só serve para defender os interesses dos mais ricos contra os dos mais pobres.
Na prática, a PM traz mais insegurança do que segurança.
Outro.
De acordo com o texto, em que consiste a desmilitarização da polícia?
5.00
a)
Fazer com que os policiais trabalhem desarmados.
b)
Um modelo de organização policial anárquico e insubordinado aos superiores hierárquicos.
c)
Uma polícia insubordinada à supervisão dos governos estaduais e do Ministério Público.
d)
Uma polícia voltada para a manutenção da ordem e proteção do cidadão e não para a guerra.

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